Moema de Rezende Vergara

A série de documentos cartográficos do Arquivo do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas no Brasil contém 21 mapas e um desenho, e alguns outros itens existentes na série textual. Além dos mapas impressos levados pelos viajantes, a coleção possui alguns esboços feitos durante as viagens, frequentemente anexados aos relatórios, sem terem sido necessariamente produzidos por cartógrafos profissionais.

Os mapas impressos eram utilizados para orientar os viajantes no terreno. Nestes, é interessante ver marcas e anotações com os dados de campo, como o mapa do Estado da Bahia da Secretaria de Educação e Saúde e a carta do território do Rio Branco, hoje Roraima, onde se vê a localização do Posto da Cruzada de Evangelização Mundial, organização que solicitou ao CFE, em 1961, permissão para continuar o trabalho de catequização na área.

 

Entre os mapas manuscritos, sobressaem os de autoria do jornalista paulista Willy Aureli. Ele organizou uma série de viagens ao interior do país, a Bandeira Piratininga, que serviu de matéria-prima para seus livros sobre aventuras e exploração dos “sertões” brasileiros. A coleção também possui mapas mudos, nos quais foram inseridas informações, como a distribuição de etnias indígenas no mapa realizado pelo Serviço de Proteção aos Índios, em 1961; e as ocorrências etnográficas e arqueológicas no Território do Rio Branco, do arqueólogo francês Marcel Homet. Em outras palavras, o mapa é utilizado como um suporte não textual e não iconográfico, para a visualização espacial em duas dimensões de um determinado conhecimento.

A série documentos cartográficos do arquivo CFE nos permite uma visão da diversidade de interesses nacionais e internacionais que circulavam por aquela instituição: científicos, particulares, religiosos e artísticos.

imagem de capa:
Carta Náutica do litoral sul de Paraty/RJ. 1939. Dossiê CFE.T.2.157.