Kariri
Vitória vive na Aldeia Urbana Maratoan, na cidade de Cratéus, no Ceará, e contou que tem a felicidade de ter um museu na própria comunidade, chamado Tereza Kariri, “que preserva a memória do nosso povo”. Ela desenhou a Árvore da Noite, que representa a força da luz que ilumina todos os dias, com seu encanto da noite, para proteção de toda a nação Kariri. Essa luz vai tão longe que protege também as irmãs Isabella e Ariella, chegando até a aldeia Arco-Íris, na cidade de São Paulo. Elas contam que já foram três vezes ao Museu Índia Vanuíre, em Tupã, localizado a aproximadamente 20 quilômetros de casa. Fruto de sua observação do céu e imaginação, nos apresentam aqui a natureza perfeita e a casa de um originário de seu povo. As formas da copa da árvore conversam com as nuvens, assim como as folhagens espelham as estrelas a chuva movimenta o solo verde.
Segundo a arte-educadora Ana Kariri, nos territórios das crianças Kariri do Nordeste, o céu é mais baixo: “Quando rezamos, acreditamos que o céu fica aberto, com um fundo vermelho: é o sangue dos nossos ancestrais. Acreditamos também que a chuva é a lágrima das mães e as crianças que se foram em tempo de seca, e elas choram para o solo seco da terra fertilizar. E as lágrimas descem em forma de chuva e, quando cai na terra, acontece o tempo novo, tempo de recomeço, tempo de renovação, tempo de acreditar. O céu nos conecta com as crianças de hoje, nossos ancestrais e a nossa mãe terra.”