Os/as indígenas que vivem ou transitam em áreas urbanas, frequentemente, se deparam com um preconceito bastante comum: o de que, se usam celulares ou outros aparelhos eletrônicos, é porque teriam deixado de ser indígenas. Mas essa ideia não faz muito sentido, já que não deixamos de ser brasileiros ao usarmos celulares produzidos na China, certo? As tecnologias são, para indígenas e não-indígenas, uma importante ferramenta: para visibilização de suas culturas e conhecimentos a um público amplo; comunicação com familiares e amigos; estudo; trabalho; lazer; e, ainda, para organização política entre membros de um mesmo povo e de diferentes povos entre si. Ou seja: a tecnologia trata-se de mais um instrumento que os povos originários utilizam para fazerem valer os seus direitos. O uso dos meios digitais permitiu, por exemplo, que crianças e adolescentes pertencentes a 12 povos indígenas do Brasil tenham enviado, pela internet, os desenhos que compõem esta mostra virtual, fazendo chegar sua arte a inúmeras pessoas ao redor do mundo.

O acesso aos meios digitais, além de ser ferramenta de difusão de informações sobre os povos indígenas por eles próprios, facilita um maior contato, compreensão e empatia da sociedade brasileira para com os povos indígenas, ajudando a combater preconceitos e estereótipos. Nesse sentido, é fundamental o fortalecimento das políticas públicas de inclusão digital nos territórios indígenas, com consulta a cada povo sobre as formas mais adequadas dessa inclusão, de acordo com suas necessidades e realidades específicas.